O destino da sustentabilidade passa pelo Chão de
Fábrica
Por
Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretario geral do Sindicato dos
Metalúrgicos de Santo André e Mauá
Nós que estamos todos os dias no Chão de Fábrica, além
dos braços e músculos, temos cérebro, olhos e ouvidos. Muitas empresas
desprezam nossos cérebros, querem apenas trabalhadores que cumpram ordens.
Mas estamos cada vez mais conscientes da necessidade
de as empresas e as grandes corporações a que estão vinculados aprendam a nos
ouvir e a respeitar nossos pontos de vista.
Porque estamos envolvidos nas 24 horas do dia na
geração de riqueza, transformamos lingotes de ferro em verdadeiras obras de
arte, com o uso de energia de máquinas poderosas, que jamais funcionariam se
não tivessem a participação de nossos cérebros treinados a conduzi-las.
Mas ainda não temos autonomia para frear a indiferença
das nossas chefias para com o destino do Planeta. Participamos, mesmo cumprindo
ordens, de atividades que nos enchem de pânico quando sentimos o efeito que
acarreta na natureza.
Porque, infelizmente, mesmo nos esforçando, a
sustentabilidade ainda não chegou no Chão de Fábrica.
É preciso discutir novos avanços gerenciais. Como
temos as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes, as Cipas, que tenhamos
também maneiras de coletivamente avaliarmos o impacto ambiental de tudo aquilo
que produzimos.
Para onde vai o esgoto da fábrica e os seus resíduos?
Quem manipula o lixo da fábrica? Quem cuida do ar ambiente e dos seus efeitos
tóxicos nos seus trabalhadores e na vizinhança da fábrica?
São essas questões que deveríamos discutir sempre, nas
24 horas do dia, quando estamos entregues à labuta. Para agregar
sustentabilidade do Planeta às nossas atividades no Chão de Fábrica. Quem sabe
que dentro do espírito da Rio+20 tenhamos condições de fazer esse tema avançar
junto à indiferença dos capitães da indústria?