domingo, 24 de junho de 2012



O destino da sustentabilidade passa pelo Chão de Fábrica

Por Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretario geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá
 
Nós que estamos todos os dias no Chão de Fábrica, além dos braços e músculos, temos cérebro, olhos e ouvidos. Muitas empresas desprezam nossos cérebros, querem apenas trabalhadores que cumpram ordens.
Mas estamos cada vez mais conscientes da necessidade de as empresas e as grandes corporações a que estão vinculados aprendam a nos ouvir e a respeitar nossos pontos de vista.
Porque estamos envolvidos nas 24 horas do dia na geração de riqueza, transformamos lingotes de ferro em verdadeiras obras de arte, com o uso de energia de máquinas poderosas, que jamais funcionariam se não tivessem a participação de nossos cérebros treinados a conduzi-las.
Mas ainda não temos autonomia para frear a indiferença das nossas chefias para com o destino do Planeta. Participamos, mesmo cumprindo ordens, de atividades que nos enchem de pânico quando sentimos o efeito que acarreta na natureza.
Porque, infelizmente, mesmo nos esforçando, a sustentabilidade ainda não chegou no Chão de Fábrica.
É preciso discutir novos avanços gerenciais. Como temos as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes, as Cipas, que tenhamos também maneiras de coletivamente avaliarmos o impacto ambiental de tudo aquilo que produzimos.
Para onde vai o esgoto da fábrica e os seus resíduos? Quem manipula o lixo da fábrica? Quem cuida do ar ambiente e dos seus efeitos tóxicos nos seus trabalhadores e na vizinhança da fábrica?
São essas questões que deveríamos discutir sempre, nas 24 horas do dia, quando estamos entregues à labuta. Para agregar sustentabilidade do Planeta às nossas atividades no Chão de Fábrica. Quem sabe que dentro do espírito da Rio+20 tenhamos condições de fazer esse tema avançar junto à indiferença dos capitães da indústria?

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Brasil gasta mais com preso, sem trabalhar, do que com estudante

Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

No Chão de Fábrica a gente troca ideias toda hora. Tem sempre o cafezinho e a água, a hora do vestiário, as longas jornadas para ir e voltar do trabalho. E um assunto que nos incomoda é saber que no Brasil se gasta até R$ 40 mil por ano com cada preso em um presídio federal. E R$ 21 mil por ano para cada presidiário das penitenciárias estaduais, ou seja, quase dez vezes mais do que os R$ 2,3 mil por ano que são investidos em cada aluno (ou aluna) do ensino médio.
Nossas prisões federais e estaduais comprovadamente não recuperam ninguém. Só pioram e desgraçam o cidadão para sempre, independente do tipo de crime que tenha cometido. Caiu lá é um condenado para sempre, infelizmente. Apesar de consumir muito mais dinheiro que se gasta com educação, não se consegue medir os retornos sociais.
Com educação é diferente. Mesmo com os humilhantes R$ 2.300 por ano, que dá mais ou menos R$ 190 por mês, ou R$ 6,4 por dia com cada estudante do ensino médio, o equivalente a duas passagens de ônibus em São Paulo, a educação abre portas para a dignidade pessoal e profissional.
Com uma garantia mínima de acessar um emprego decente e se ter a esperança de romper as barreiras da desigualdade social, que como todos sabemos é a grande geradora da violência, dos crimes contra a vida e a propriedade e que realimenta as cadeias brasileiras.
Estamos em ano eleitoral. E muitos candidatos vão nos procurar com a ladainha de sempre sobre a necessidade de mais segurança (se bem que o investimentos em prisões não seja da alçada municipal) quando todos estamos cansados de saber que temos que concentrar nossas energias cidadãs no investimento em Educação, com E maiúsculo.
Investir o que for necessário para garantir a educação completa, desde a creche até o ensino médio e superior. Pois estaremos assim formando jovens que se tornarão homens e mulheres livres, com orgulho de poderem contribuir para gerar riquezas em nosso Brasil e de compartilharem com a gente a labuta do Chão de Fábrica, se assim desejarem.
Cidadãos que vão batalhar todos os dias e com dignidade pelo pão de cada dia em vez de se correr o risco de numa hora do desespero serem seduzidos pelo crime e terminarem seus dias vergonhosamente numa prisão. E o pior,  consumindo entre R$ 21 mil e R$ 40 mil dos cofres públicos, sem terem a mínima chance de recuperação para a sociedade. 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

PLR ou Big Brother Brasil


Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Começa 2012 e as velhas manipulações da elite dominante estão de volta. O que nos interessa no Chão de Fábrica é mais renda para nossas famílias. Que todos temos consciência só virá de muita dedicação ao trampo, de muita fé na nossa economia e determinação para alcançarmos, conjuntamente, as metas estabelecidas.
Temos, contudo, que enfrentar as nuvens de mau agouro de uma parte dos patrões que prefere chorar as pitangas e desanimar todo mundo, com a ladainha de sempre de que a economia não será tão boa em 2012, que os ganhos das empresas serão prejudicados, que só vai dar para arrancar das fábricas o lucro sagrado dos empresários e prejudicar a parte que cabe aos trabalhadores da Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
Claro que não vamos cair nessa ladainha de patrões abestalhados. Nós sabemos que o otimismo e a vontade de trabalhar é que muda um País. E já provamos para o resto do mundo que nossa classe trabalhadora arranca leite de pedra e torna nossa economia cada vez mais competitiva.
Como sabemos também que muitas empresas preferem associar suas marcas com a diversão irresponsável, para desviar a atenção dos cidadãos e trabalhadores brasileiros da excelente fase em nossa economia e do nosso cenário político. Afinal, temos eleições para vereadores e prefeitos e nos interessa discutir, no Chão de Fábrica e nas vilas, quem vai nos ajudar a melhorar a eficiência administrativa de nossas cidades.
Mas com o tal do Big Brother Brasil uma parte da elite podre, que financia a invasão de nossos lares, que contamina nosso lazer com atos obscenos, tenta interferir no nosso foco. Felizmente, estamos preparados para resistir. E o faremos. A começar pelo boicote dos produtos anunciados no tal do BBB12. Afinal, a decisão de compra é sempre nossa. E somando tudo o que gastamos é grana para ser respeitada.
E manteremos, como de hábito, nossa agenda mobilizadora a favor das vitórias em 2012 que terá nossa atenção em torno da redução dos juros para um dígito, conforme é intenção da presidente Dilma; do fim do assalto constante que as financeiras e operadoras de cartão de crédito fazem contra nossos bolsos e, claro, de um PLR melhor do que o do ano passado. Pois faremos nossa parte e temos certeza que convenceremos o governo federal, o Congresso Nacional e as empresas sérias e envolvidas com o futuro da nossa economia saberão repassar a parte que nos cabe.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

2012 no Chão de Fábrica


Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

A gente sempre começa a semana ou o mês animado. Quando é ano novo então chegamos com energia total. Cheios de perdão para com as ranhetices da chefia, cheios de energia e principalmente com boa vontade para acertar nas partes que nos cabem para que a produtividade, o ambiente de produção, nossos ganhos e empregos se mantenham ao longo do ano.
Nesta fase do ano, ainda janeiro e antes do Carnaval, repensamos os altos e principalmente os baixos do ano que encerramos. É hora de sentar com a família e tentar descobrir as dívidas que escaparam ao radar coletivo. Tentar segurar os ânimos de consumo e ver se podemos redistribuir a renda para evitar que um ou outro da família se enrole todo com o Serasa ou SPC.
Fazemos, também, um balanço da saúde, dos projetos que juramos que colocaríamos em prática em 2012. Muita coisa depende da gente e estaremos, claro, empenhados. Por exemplo, estamos com a alma aberta para melhorar o ambiente no Chão de Fábrica. Mas, nem por isso, estamos dispostos a engolir sapos mais do que o necessário.
Confiamos que as chefias e os RHs se empenhem para ampliar o diálogo, ouvir mais antes de condenar, de confiar nos seus colaboradores que como contrapartida entregam, de verdade, grande parte de suas vidas, de seus sonhos e esperanças para o local em que trabalham.
Porque, com o tempo de convivência no Chão de Fábrica, descobrimos que nos empenhamos diariamente para objetivos que nos escapam ao dia a dia. Mesmo nos concentrando na qualidade final das peças produzidas, mesmo prestando atenção à quantidade produzida, nos escapam os objetivos finais da produção.
Nem sempre conhecemos o produto final, muito menos o preço do que produzimos. E apesar de termos certeza que geramos riqueza, desconhecemos a parte do lucro que geramos. Mesmo assim, trabalhamos sempre animados e dispostos a contribuir muito além da nossa responsabilidade para manter a fábrica competitiva.
Mas temos sempre a certeza, entra ano e sai ano, que a direção das empresas dependem de nosso empenho produtivo. Por isso, aproveitamos o início de ano para sugerir que se amplie o entendimento e o diálogo entre os gerentes da fábrica e nós, no Chão de Fábrica.
Vamos, assim, construir a harmonia que desejamos uns aos outros no Natal passado. Para o bem dos nossos empregos, da nossa saúde ambiental no Chão de Fábrica e, principalmente, para acelerar ainda mais a geração de riquezas para nossas comunidades e nosso amado Brasil.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Chão de Fábrica em festa

Por Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretario geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Sim, estamos em festas mesmo mantendo a rotina, a produção e a produtividade. Nós, trabalhadores do Chão de Fábrica, somos os elos emocionais com nossas vilas, clubes, condução, igrejas e a parentada toda. Por isso, nosso coração, nesta época do ano, pulsa ao som de Natal e de Ano Novo.
A fábrica aqui e ali tem um espaço deixado vazio por um companheiro ou companheira que está de férias. Muitos voltam para suas terras de origem. Animados e cheios de histórias para levar, além dos presentinhos e lembranças para os parentes. E voltarão cheios de energias, de mais histórias e, principalmente, muito mais ligados nesse nosso querido Brasil. Porque somos também parte do tecido que garante que essa Nação brasileira pulse sempre com euforia, alegria e disposição de vencer crises e épocas ruins.
É uma época que devemos também estar atentos às nossas famílias e aproveitar as festas mas sem exagero. Porque basta um descuido ao volante, uma dose a mais de álcool, uma bravata qualquer no fim de uma festa para azedar o ano e até mesmo a vida.
Por isso, nestas épocas do ano temos que apostar na alegria mas sem perder a atenção para com nossos filhos, amigos e parentes. Cuidar uns dos outros para que sobrevivamos a 2011 e consigamos, em 2012, estar prontos e preparados para as grandes batalhas que teremos à frente.
Porque é essa a nossa vida de trabalhadores e gladiadores modernos. Somos linha de frente da geração de riquezas e se conseguimos ficar eufóricos com o que nos sobra de tanta riqueza que geramos, é porque somos brasileiros e além de não desistir nunca, temos a alegria em nosso DNA.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Responsabilidade financeira


Por Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretario geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

A euforia já tomou conta do Chão de Fábrica. Estamos com a sensação gostosa de uma conta gorda, enquanto cumprimos nossas tarefas de um mês, que com certeza, será muito menor que o salário. Além do reajuste e do abono, teremos PLR e 13o e muitos terão adiantamento das férias e férias.
Já acertamos os pequenos empréstimos uns com os outros. Já planejamos as prestações, os gastos com a ceia de Natal. Estamos na cômoda situação de contas equilibradas. Por isso, a tentação é muito grande nesse período. Olhamos com olhos de cobiça para aquele carrinho que nem sequer notávamos antes. A TV de LCD volta a brilhar e a nos chamar quando entramos nas lojas ou nos supermercados. O tênis caro dos nossos filhos também nos chama a atenção.
Mas é hora também de responsabilidade financeira.  Consumir, sim, afinal o mercado interno depende de nossa atuação como consumidores, brasileiros, trabalhadores e patriotas. Mas também temos a responsabilidade de gastar bem um dinheiro que é fruto de nosso trabalho duro, ao longo do ano todo.
Ter a disciplina de pesquisar e comparar preços, de não nos deixarmos levar pelo impulso e, principalmente, controlarmos nossa vaidade no momento da compra. Será que precisamos mesmo de um novo aparelho de LCD ou só estamos comprando porque nosso vizinho também comprou? Será que precisamos mesmo de um celular extra ou só compramos porque todo mundo tem agora dois celulares e não queremos ficar para trás.
Se a gente aprender a controlar os impulsos vai sobrar, com certeza, uma reserva que poderemos manter ao longo do ano. Reserva que poderemos investir e reinvestir para ter sempre uma proteção extra para nós e nossa família. Proteção cada vez mais necessária nestes momentos de crise mundial que não sabemos, ainda, se vai ou não afetas nossos empregos e salários.
Isso se chama responsabilidade financeira. Essencial para que aos poucos, mesmo como assalariados, possamos construir nossa independência financeira. Em vez de sermos consumistas irresponsáveis, que compra sem pesquisa, apoiados na vaidade pessoal em vez da responsabilidade para com nossa família e nosso futuro.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Dezembro no Chão de Fábrica

Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, secretario geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Todo mês de dezembro vivemos quase que em estado de graça no Chão de Fábrica. A campanha salarial chega a um resultado que realimenta nossas energias e disposição de lutar por mais ganhos, mais PLR, mais investimentos na nossa qualidade de vida.
E quando pensamos na vida focamos nos filhos, filhas, nos cônjuges parceiros de uma vida toda. E pensamos, mesmo ali no batente, suados, tensos e atentos à rotina pesada da fábrica, pensamos nos presentinhos que daremos para cada uma das pessoas amadas.
Vamos arrumar tempo para buscar aquele tênis para as crianças. Vamos reavaliar as contas e ver se encaixa uma jóia ou quem sabe até mesmo uma viagem de avião para a terrinha dos nossos pais ou sogros.
Porque agora, nestes tempos festivos de Natal e Ano Novo, o que a gente quer mesmo é ser feliz sem muita preocupação.
Mesmo tendo consciência que é temporária essa alegria porque reforçada pela nossa religiosidade e espírito de família combinados e porque também é dezembro e tem décimo terceiro e antecipação salarial. Por tudo isso, o Chão de Fábrica brilha que nem árvore de Natal.
E junto com nossos camaradas nos sentimos, de verdade, os verdadeiros donos deste nosso imenso Brasil. Que sabe reconhecer nosso esforço e que nos retribui com o carinho de outros brasileiros e brasileiras, ao transformar cada contato na fábrica, no ônibus, no supermercado num hino à nossa Pátria.
É gostoso demais ser brasileiro em dezembro. Curtir por antecipação as festas e até mesmo as brigas em família. E contar nos dedos quantos dias faltam para os  feriados que descansaremos junto com as pessoas que amamos.
É bom demais saber que vamos começar um novo ano em que a esperança vai se transformar em projeto. E o projeto em novas realidades palpáveis, através da matrícula numa faculdade, da formatura de um filho, da felicidade contida de uma mãe.
É assim que cada um de nós no Chão de Fábrica, gente simples, que acumula em cada gesto a sabedoria de várias gerações, renova nossas energias para continuar a construir o Brasil, entra dezembro e sai dezembro. Sempre animados e alegres. Porque somos brasileiros e temos uma fé imensa em nós mesmos e em nosso País.